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domingo, 18 de janeiro de 2009

Carta antiga...


Amor, eu disse que iria sofrer porque eu estou gostando muito de você, e sendo fechado como você é, está sendo complicado eu te conquistar e fazer com que possa confiar em mim para se abrir e se entregar. Sei que você passou por relações difíceis, eu também e sei como é; de qualquer modo, quando nos envolvemos com outra pessoas, não podemos saber se vai dar certo ou não antes de tentarmos.
Como você ja sabe, eu quero que as coisas aconteçam no meu tempo, ou seja, rápido; ja você é completamente ao contrario, sendo assim, estou precisando ter uma paciência fora do comum, mas é porque eu decidi que quero você, pois você é e tem tudo o que eu sempre procurei em um homem. não quero ser tua dona e sim tua companheira, só ficando ou saindo como estamos não me da segurança, não sei se sou a única, sendo que não temos um "compromisso sério".
Hoje, li um livro da Clarice Lispector, e um trecho chamou minha atenção e de certa forma compreendi a sua maneira - "Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos".
Pode ser estranho, mas foi assim que compreendi você, e eu identifiquei-me com Fernando Pessoa, quando diz: "sinto-me mais novo cada ano, porque todos os anos estou mais próximo de nunca ter realizado coisa alguma na vida. A realização envelhece-nos. Tudo tem o seu preço; o preço da realização é a perda da juventude. Só a falta de objectivos e um modo de vida inconsequente nos mantêm jovens. Nunca assentei numa profissão ou num rumo de vida, nem sequer numa opinião que durasse mais que o minuto passageiro em que foi defendida.Nunca fiz um esforço real atrás de coisa alguma, nem apliquei fortemente a minha atenção excepto a coisas fúteis, desnecessárias e ficcionais. Sinto-me jovem porque tenho vivido a vida desta maneira".
Refletindo sobre minha própria e inútil existência, felizmente ou infelizmente, minha vida e meu ponto de vista é bem assim!


(esta carta não foi entregue à pessoa, não foi terminada; só digo que o destinatario foi o único amor da minha vida, que deixou feridas que ainda doem, e o que tínhamos, acabou!)

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