2011...
Esse foi um ano de muitas aprendizagens, com certeza! E se fosse para definir em uma palavra, creio que seria “superação”!
Comecei o ano com uma enorme decepção amorosa, foi diferente de todas, afinal, terminamos, os dois dizendo 'eu te amo'; não sei se foi sincero da parte dele, parecia... da minha, com certeza; é impossível não amar aquele idiota! Fiquei muito mal, muito mal mesmo!
Eu não estava trabalhando. Minha única ocupação era o teatro, então, resolvi me entregar de corpo e alma; mesmo assim não era suficiente para me distrair a ponto de esquecer toda a dor que eu estava sentindo, então decidi fazer exercícios físicos, pois além de tudo eu precisava emagrecer, organizei algumas atividades para eu praticar de manhã.
Não durou um mês, minha mãe começou a reclamar que eu ia todo dia para o clube, que eu não trabalhava, que meu pai tinha que pagar minhas contas... e blá blá blá... briga! - me mandou sair de casa.
Fui conversar com a minha tia, ver se ela sabia de algum emprego e tal, ela falou com meu tio e ele me chamou pra trabalhar com ele no laboratório protético, aprender a fazer aparelhos odontológicos e nãnãnã, fui.
Como se não bastasse me ajudar com o serviço, me ofereceram moradia também, eu pensei bem e não aceitei, não queria incomodar ninguém, tirar a privacidade deles e eu também não teria a minha, enfim, aceitei o trabalho, no qual me dei muito bem, tenho habilidade com trabalhos manuais; meu tio ficou bem contente com isso.
No final de fevereiro eu soube que a secretaria da cultura estava abrindo inscrições para os cursos de palhaçaria e malabares e me inscrevi, era de graça mesmo; comecei a fazer; tinha umas pessoas que já faziam teatro que também entraram nessas oficinas e fomos conhecendo mais pessoas, logo, estávamos formando um grupo onde o interesse em comum era a arte! Passar os finais de semana com essa galera era incomparável!
Pois bem, em março/abril, eu estava trabalhando de segunda a sexta das 7:30 as 17:30 e aos sábados das 8:00 as 11:00 fazendo as oficinas de teatro as terças das 19:30 as 21:30 de palhaçaria e malabares aos sábados das 14:00 as 19:00 e as missas aos domingos de manhã; passei a não ter mais tempo e nem vontade para sair a noite, beber e me entorpecer.
Passei a me ocupar tanto com o trabalho e com a vontade de fazer alguma coisa pela arte/cultura aqui na cidade que logo surgiu a idéia de fazermos intervenções artísticas pelas ruas e nos eventos culturais, foi onde surgiu os Sombras de Jó, em maio, se não me engano; saíamos pela ruas, praças e festas para fazer sombra e interagir com o público, e sinceramente? Foi lindo!
Idéias foram surgindo, uma atrás da outra e a galera querendo fazer, fazer, fazer... a gente aprendendo malabares e querendo mostrar para o público, começamos a achar que as três horas do sábado eram poucas e nas férias de junho começamos a nos encontrar as quintas na praça da bíblia das 19:30 as 22:00 para ensaiarmos e unir mais pessoas apaixonadas pelas artes.
No teatro, nossa estréia estava próxima e resolvemos aumentar um dia de ensaios que eram as sextas das 19:30 as 22:00. Dia 06/07/11 foi nossa estréia “Morte e Vida Severina”, quantos elogios! A sensação de estar no palco não se compara a nenhuma das melhores sensações que tive na vida, hoje eu sei que eu quero estar no palco para me emocionar e respectivamente emocionar o espectador.
Todo esse êxtase que o teatro, o reconhecimento e o incentivo de algumas pessoas, oferece, me fizeram sair do trabalho para me dedicar totalmente ao que eu queria, que era ganhar dinheiro com a arte; em agosto, infelizmente, a oficina de palhaçaria acabou, o 'professor' resolveu não vir mais e deixou todo mundo na mão. Cada um sabe de si, né?!
Eu falei ao meu tio que eu não ia mais trabalhar e o decepcionei. Saí e fiquei pesquisando vendo vídeos de palhaços e malabares, treinando... mas aí as necessidades começaram a surgir... não lembro todas agora, mas a que mais me marcou foi que eu precisei de um pacotinho de absorvente e minha mãe se negou a comprar pra mim, ela simplesmente me mandou procurar serviço. Fiquei a semana sem sair de casa.
No comecinho de setembro, estava eu lá, pedindo o serviço pro meu tio de novo e ele aceitou, claro, depois de um sermão. Mas tudo bem, a gente aprende com os erros.
A galera do malabares foi crescendo e tivemos a idéia de começar a fazer malabares no sinal, passar o chapéu e nos mostrarmos mesmo e quem sabe ganhar dinheiro com o que sabemos fazer, e deu certo; nosso primeiro sinal arrecadamos uns 50 reais mais ou menos, fomos comer pastel, tomar refrigerante e decidir um nome para o grupo, e surgiu Trupe Aí Saía! Tudo por causa do desvio de septo da Claudia, rsrsrs...
Na nossa apresentação do teatro a Kuca tinha me falado sobre um Sarau que ela estava montando e que iria entrar em contato comigo para ajudá-la e foi o que aconteceu, ela me pediu para convidar as pessoas que eu quisesse para fazermos a apresentação do Sarau, chamei umas pessoas do teatro e começamos ensaiar as quartas das 19:30 as 21:30, eu estava com a semana cheia... e muito cansada mas o que fazemos com amor, nem o cansaço nos detêm.
Nesse ano eu me apaixonei por um palhaço.
Em outubro, a Trupe teve o primeiro serviço 'bem' remunerado pela prefeitura, foram uns 9 dias trabalhando na semana das crianças, a partir daí foram surgindo trabalhos nos finais de semana e eu me senti no dever de correr atrás de um curso de clown (palhaço) para me aperfeiçoar e conseqüentemente ganhar dim dim, pois vi que é possível. Pesquisei e encontrei o Solar da Mímica, me pareceu ser ótimo, convidei a Claudia e o Eduardo e eles vão comigo em janeiro.
No final de novembro nos formamos na oficina de malabares e a minha apresentação foi de dança do ventre com swing que é o malabar que eu me identifiquei, eu estava tão nervosa, afinal, eu nunca tinha dançado, assim, pra ninguém, eu ainda não vi o vídeo, mas recebi muito elogios, acho q foi bonito, rsrs...
no começo de Dezembro, mais uma estréia, o “Sarau Vinícius de Moraes” todo sobre o amor, foi lindo também, esse, estamos com projeto de aumentar e diminuir algumas coisas e nos apresentarmos no SESC de Piracicaba e no Zero Grau aqui em Leme, e quem sabe, mais lugares... XD!!! Fizemos também duas apresentações na concha acústica da praça central na programação de natal, era só a encenação de uma música, sobre as coisas ruins que o mundo oferece e como as pessoas se afastam de Deus, eu pensei muito tempo sobre essa apresentação, onde eu representaria uma menina que oferece droga a outra, e assim, foi de certa forma, um obstáculo a ser vencido porque eu já fiz quase tudo que foi apresentado nessa representação, já tive muitos parceiros, passei muito tempo bebendo exageradamente aos finais de semana, usando drogas, pegando dinheiro dos meus pais, tomando remédios para emagrecer, forçando vômitos, me cortando e buscando a morte; esse ano eu aprendi a ver a vida de outra forma, com amor, com gosto por estar aqui, sem precisar de uma máscara, sem precisar beber ou me drogar para interagir com as pessoas; ainda estou aprendendo a ignorar as palavras da minha mãe, essas que considero o grande motivo para os meus meios de chegar ao fim; passei muito tempo querendo morrer e me deixei de lado, não me cuidei. Eu quero muito, agradecer a todas as pessoas maravilhosas que eu conheci esse ano e que me ajudaram inconscientemente a ser uma pessoa melhor, reaprender a me amar, amar o próximo, que me ajudam a cada dia redescobrir quem é a Sabrina, quem era eu antes de todas essas influências mundanas e eu to me achando linda, cada dia mais linda.
Minha paixão não foi correspondida, resolvi esquecer e manter o coração aberto às novas oportunidades que aparecem.
Nesse ano, também, conheci a banda O Teatro Mágico, e com todo o poder da palavra, é mágico mesmo, a voz do Fernando, as letras das músicas, as melodias... mudaram minha vida, hoje, “eu sinto que sei que sou um tanto bem maior”.
Enfim, acho que resumi aqui os fatos mais importantes, conheci pessoas lindas e maravilhosas com qualidades e defeitos que as tornam únicas;
me apaixonei;
me decepcionei; me magoei; chorei; fui julgada; fui xingada; não tive nenhum flerte;
fui elogiada; fui reconhecida; fui querida.
Emagreci uns 10 kg; estou aprendendo a me amar, me conhecendo; fiquei loira por uns tres meses e agora voltei à cor natural do meu cabelo, preto; parei com uns vícios e querendo parar com outros... deixei de ser a adolescente rebelde e cresci, agora sou uma moça, não me vejo como adulta ainda, rsrsrsrsrsrs...
Tenho planos para o próximo ano, continuar no laboratório, voltar dar aulas a noite e animar festas infantis (ou não) nos finais de semana, comprar uns móveis necessários e ter minha casa, onde poderei receber meu amigos mais que queridos, criar responsabilidades que ainda não tenho e me tornar adulta!